quinta-feira, 10 de março de 2011

Carta a Meu Pai,

Tem tantas coisas que eu gostaria que você soubesse, mas que não consigo dizer, acho que tanto tempo longe, sem o convívio diário fez com que criasse uma certa barreira. Não uma barreira que nos separa, mas uma barreira com as palavras, com a intimidade, com a aproximação, nem sei como denominar isso.

Sei que te amo incondicionalmente e que sempre vou estar ao seu lado haja o que houver, não importa, eu vou estar sempre do teu lado.

Sinto mágoa pelo nosso passado não ter sido mais próximo, lamento muito não ter tido você presente na minha vida, queria ter tido sempre o teu abraço protetor, queria ter escutado os teus conselhos, queria ter passeado contigo na praça, queria ter sido a tua parceira pra tudo, a tua amiga, a tua inseparável companheira. Hoje, olhando pra trás eu sinto este vazio que é inevitável, o vazio de um tempo que foi perdido, o vazio de um tempo que não volta mais, um vazio que eu preciso ajeitar na marra dentro do meu coração porque ele existe e não posso fingir que não, mas gostaria.

Queria que você tivesse ido me buscar no colégio quando eu era uma menina, queria que você tivesse comigo pra comprar o meu material da escola, queria que você tivesse na arquibancada assistindo os jogos que participei, os que ganhei e também nos que perdi. Queria ter você presente na minha vida, nas vitórias e principalmente nas minhas derrotas.

Hoje eu entendo que a separação dos pais é algo normal e que pode acontecer com qualquer casal que já não se entende mais, mas mesmo entendendo, mesmo compreendendo a separação do casal, é difícil entender que o laço de um pai e uma filha é podado quando a separação acontece. Muitos pais separados convivem bem com os filhos e fazem coisas que todos os pais e filhos fazem, mas eu não sei porque, mas tenho a nítida sensação de que nós vivemos um pouco mais longe do que o normal. Olho pra trás e vejo que perdemos tempo de se curtir, de rir juntos, de fazer muitas coisas legais que pais e filhos fazem. Sinto em mim uma vontade de resgatar tudo isso, é uma espécie de necessidade de tentar suprir essa carência que machuca.

Eu sinto muito por isso, as vezes tentei encontrar a culpa em mim, outras vezes em você, mas agora eu sei que a culpa não pertence a ninguém. Não existe culpa, a vida é que é dura e a gente precisa saber lidar com ela. Pai, quando eu abro o meu coração dessa maneira, não tem passado, não tem mágoa nenhuma nesse mundo que supere o meu amor por você. Eu te amo e sempre vou te amar. Sabe pai, em certos momentos quando eu te vejo sinto apenas uma vontade de te abraçar e chorar, chorar bastante, sem um motivo ou razão aparente, apenas para acalmar o meu coração. Queria te cuidar, sabe? Arrumar a tua roupa, queria fazer as tuas unhas, passar um creme nas tuas mãos até ficarem macias e queria trazer alegrias a estas expressões na tua face, expressões estas, que demonstram cansaço, experiências vividas e que expressam a tua bagagem de vida...

Enquanto existir vida em mim, enquanto eu respirar eu sempre vou te amar e fazer tudo pra te ver feliz. Jamais quero te ver triste, isso seria a mesma sensação de alguém arrancar um pedaço de mim. Quero que conte sempre, "sempre mesmo" com o meu apoio. Desculpa por qualquer coisa que eu tenha feito ou dito. Tudo o que eu queria era ter você presente na minha vida, perto de mim. Eu te amo, te amo muito, tu tá dentro do meu coração e daqui jamais sairá. Pai, eu não sei se você vai ler isso um dia, mas se estiver lendo isso agora, sinta o meu abraço mais sincero. Te amo!

Sua bençao,da sempre filha Ana Maria......Ternurinha

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