segunda-feira, 4 de junho de 2012

Hoje volto a escrever-te, mesmo sabendo que estas palavras não irás ler. Encontras-te cada vez mais longe e provavelmente não te lembras mais de mim. Mas mesmo assim, continuo a escrever-te como se fosses ler quando chegasses a casa e encontrarias esta carta em cima da tua almofada, rodeada de flores, aquelas que deixaria só para ti. Nunca deixei de dizer-te o que acontece comigo desde o dia que a nossa amizade, aquilo que sempre existiu, teve o seu fim. Os nossos caminhos separaram-se e cada um seguiu o seu. Já passaram muitos meses desde então, confesso que acreditei que um dia pudesses voltar e perguntava a mim próprio se seria capaz de receber-te de braços abertos, algumas vezes dizia que não, outras tantas vezes dizia que sim. Até que hoje, finalmente entendi o que se passou entre nós e percebi que não irias, nem irás voltar. Agora sei que a culpa foi minha e permite que te explique.

Quando te conheci, passei a acreditar que não podia mais viver sem ti. E hoje sei que isso não era verdade, mas eu acreditei que sim. Isso me tornou infeliz, porque convenci-me que não podia ser feliz sem ti. Decidi que não bastava ter a tua presença na minha vida, queria que estivesses nela numa determinada maneira, ou seja, passei a querer que fosses minha namorada, para que ficasses ligada a mim. Depois disso, decidi que, para ser feliz, alem de querer que fosses minha namorada, terias que estar um determinado tempo – todo o tempo livre que tivesses. Passei a imaginar que, para ser feliz, tinhas que ser minha namorada durante o tempo todo! Até que dei por mim a dizer que, sem ti, eu morreria. O que queria dizer na verdade, é que uma grande parte de mim morreria se não estivesses na minha vida.

Foi quando tudo aconteceu, para que essa parte de mim não morresse por ficar sem ti, matei uma grande parte de ti, matei o teu espírito e asfixiei-te com o meu amor e tu, tiveste que libertar-te para sobreviveres. Fugiste de mim até hoje, o que foi pena, porque acredito que gostavas bastante de mim, quem sabe, talvez pudesses me ter amado – mas não conseguiste satisfazer as minhas necessidades. Eu confundi o “amor” com “necessidade”. Nunca entendi que não necessito de nada externo a mim para ser feliz. É apenas uma ilusão acreditar que precisamos de algo externo a nós.

Para terminar, só quero dizer-te mais uma vez que te amo, não como uma necessidade, mas digo pela primeira vez a verdade sobre o que essas palavras sempre significaram para mim e nunca soube explicar. Ao contrário que possas acreditar, o mesmo que muitas pessoas acreditam, quando dizia-te “eu amo-te”, não significava que eu era teu, ou que tu eras minhas, o tempo veio provar o contrário. Se assim fosse, em pouco tempo o significado dessas palavras iriam transformar em: “eu agora estou em divida para contigo, e tu estás em divida para comigo. Tenho a responsabilidade de te fazer feliz, e tu tens a mesma responsabilidade em relação a mim”. Não era isso que significava para mim, quando por muitas vezes dizia “eu amo-te”, mas é isso que muitas pessoas querem que signifique e assim desejam constantemente ouvir essas palavras. Dizia para demonstrar-te o meu amor que sentia por ti, uma vez que esse e qualquer amor é impossível de quantificar. O amor não se raciona em diferentes porções. Apenas desejava ouvir de ti que me amavas, nem que fosse uma única vez, mesmo sendo mentira, só para eu guardar o som da tua voz a dizer essa palavra…hoje ainda te amo…desculpa. Se tu voltasses, quem sabe tudo seria diferente…

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